Há muito tempo, quando a internet ainda era uma miragem e o msn ou e-mail eram algo de outro mundo, havia a moda de trocar correspondência com outras pessoas, apenas com o intuito de conhecer gente nova e desenvolver uma amizade.
Devia ter uns 14 anos, quando decidi responder a um anúncio colocado numa revista para jovens, de um rapaz que me parecia simpático.
E foi assim que conheci o R.
Lembro-me de estar entusiasmada aquando o envio da primeira carta, onde fazia as devidas apresentações, e aguardar ansiosamente pela resposta dele.
Foi breve, e a partir daí, ao longo de talvez dois ou três anos, fomos trocando impressões próprias de jovens daquela idade.
No entanto, talvez por preguiça ou por estarmos fartos, já não sei, acabámos por deixar caír esse hábito no esquecimento, e aos poucos o R. foi-se esbatendo na minha vida e nas minhas memórias.
Há uma semana, fui espreitar o meu hi5, coisa raríssima de fazer, e dei de caras com uma mensagem. Um R. pedia desculpa pela intromissão, e fazia umas perguntas típicas apenas de alguém que só me poderia conhecer.
Respondendo afirmativamente a tudo, só me passava pela cabeça que era ele. A confirmação fez-se no dia seguinte, e nem consigo explicar o quanto fiquei feliz com este reencontro.
Acreditar que alguém se lembra de nós passados quase 20 anos, e que toma a atitude de ir à nossa procura usando estas novas tecnologias, é uma prova de que a vida nos reserva muitas surpresas, e até de que há amizades para toda a vida.
O engraçado foi repararmos o quanto temos em comum. Seguimos uma carreira profissional dentro do mesmo ramo e trabalhamos em locais idênticos. Temos gostos, pensamentos e atitudes um pouco semelhantes.
Ontem ele perguntava-me até que ponto nos teremos influenciado um ao outro, quando eramos jovens.
Sinceramente, não sei dizer, mas lá que alguma coisa aconteceu, disso não tenho dúvidas!